A Civilização antiga – como a nossa, porém diferente
Você não entenderá o início do Cristianismo até que entenda as ideias que formaram a cultura que deu origem à religião.
O que há de errado nesta figura ?
Atlas segurando a Terra sobre seus ombros – uma imagem marcante da cultura ocidental.
Mas os gregos que criaram este mito realmente acreditavam que a Terra era uma grande esfera que Atlas tinha que carregar frequentemente ? E sobre o que exatamente Atlas caminhava ? A resposta é que Atlas não carregava a Terra. Atlas permanecia de pé na Terra e segurava o “firmamento” – a sólida abóbada celeste.
Reinterpretamos seu mito para que se encaixe em nossas próprias ideias. E entendemos errado. Entendemos errado porque a forma pela qual entendemos o universo é muito diferente daquela que os antigos entendiam, e não tomamos tempo para entender como eles viam as coisas.
Cristianismo é uma religião antiga. Ele vem de uma cultura que pensava que o céu era um domo sólido que precisava ser segurado. Você jamais entenderá o princípio do Cristianismo até que entenda as ideias que formaram a cultura que originou a religião. Se a história do Cristianismo te interessa você terá que alinhar alguns dos seus fatos com suas ideias modernas. Terá que aprender como os antigos viam o universo antes de ser capaz de entender como seus mitos, lendas e religiões se encaixam com suas ideias acerca do funcionamento do mundo.
Os antigos eram como nós…
Na maior parte da história registrada os europeus foram um povo primitivo.
Em cerca de mil anos eles passaram por uma Idade das Trevas vivendo em aldeias tribais, sem assistência de um governo real, explorados por senhores gangsteres, ignorantes acerca do mundo que estivesse além de um dia de caminhada de suas cabanas de chão sujo.
Sem língua escrita própria eles eram iletrados, supersticiosos, temerosos de bruxas, feitiços mágicos, e um milhar de espíritos florestais. A vida era brutal, feia e curta. Não foi sempre assim.
Anteriormente, entre cerca de 1000 AC (muito antes na Mesopotâmia e Egito) e quando a Idade Média começou, algo próximo do ano 500 DC, aldeias tribais na Europa mediterrânea cresceram até se tornarem cidades estado, posteriormente em nações e vastos impérios civilizadores.
Instituições cívicas trouxeram estabilidade e prosperidade a milhões de pessoas. Prosperidade trouxe cidades cosmopolitas, estradas, viagens, comércio, subúrbios, aprendizado, literatura, drama, artes cênicas, engenharia, arquitetura, matemática, filosofia. E religião sofisticada.
Chamamos este primeiro grande florescimento histórico ocidental de “civilização antiga”.Roma, Grécia., as pirâmides, Jesus, e outras coisas. A civilização antiga durou mais de 1500 anos. Chamamos o povoa que viveu neste local e época de “Antigos”.
Haviam chineses antigos também mas não estamos falando deles.
Um erro: história antiga trata somente de poesia e imperadores.
Se toda história antiga que você conhece vem da escola provavelmente você pensa em “Ilíada de Homero”, César de Shakespeare, e tabelas de imperadores – tolo e distante da verdade e talvez você tente gostar porque apreciar este lixo é uma das coisas que torna as pessoas sintonizadas com o que está na moda.
A vida é curta demais para se preocupar em estar na moda. Ignore os ,livros esnobes e leia as coisas divertidas escritas pelos antigos – Heródoto, Luciano de Samósata, literatura de viagens, novelas, biografias, cartas pessoais, diários, Epigrafia.
Faça isso e descubra uma explosão de vida e vitalidade.
Você verá, ouvirá, tocará e sentirá através de uma centena de gerações, pessoas reais curtindo vidas reais.
Absolutamente impressionante.
Escrito numa parede em Herculano: Um casal estava aqui e, como tinham um assistente totalmente ruim chamado Peaphroditus lançaram-no à rua em momento oportuno. Eles então gastaram 105 1/2 Sestércios alegremente enquanto transavam.
1º século DC. Corpus Inscriptionum Latinarum 4.10676, que pode ser encontrado em Roman World, pg 324.
Outro erro: os antigos eram burros primitivos
A verdade é que eles foram pessoas como as pessoas que você conhece: alguns espertos, outros burros, a maioria medíocre. Como nós. E eles não eram primitivos. é verdade que eles não tinham locomotivas nem relógios digitais, mas tinham encanamento, edifício altos, aquecimento central, garrafas como as de cerveja e biquínis. Eles também tinham – como já foi escrito – literatura, drama, arte, engenharia, arquitetura, matemática e filosofia.
E o inacreditável é que eles inventaram tudo isso. Iniciando como selvagens a dois passos da era da pedra os antigos desenvolveram literatura , matemática, governos, e arquitetura – depois de invetarem a escrita, números, leis e cimento.
Primitivos ? Não. Inacreditável ? Inacreditavelmente !
…apenas diferentes
Os antigos eram pessoas assim como nós – porém, suas ideias foram formadas por uma cultura que era incompreensivelmente diferente da nossa.
Pintura de parede da Casa Centenária em Pompeia
Eis um exemplo impressionante. Esta famosa pintura da Casa Centenária na Pompeia Romana – ano 79. Os proprietários da casa mantinham esta pintura na parede de um de seus cômodos. Percebe que a mulher veste um sutiã. Esse era o costume romano – só mulheres lascivas exibiam seus seios durante o sexo.
Poi isso os romanos podiam exibir uma pintura que representasse o ato sexual em sua parede – mas a pintura deveria apresentar mulher com seios cobertos por compostura.
Para as fiéis da deusa Cibele ter relações sexuais com um estranho no templo era um ato religioso, um santo sacramento – um dever santo ! Vai entender.
E ainda mais, os romanos iam a banhos públicos unissex completamente nus.
E ainda nos textos antigos há o registro de um homem seguidor de Dionísio que dedicou um pênis sagrado a sua sogra. Vai entender.
A propósito
Outro momento “pênis sagrado para tua sogra”
A questão da diferença incompreensível da cultura antiga comparada à nossa aparece frequentemente. Quando isso ocorrer chamaremos de momento “pênis sagrado para tua sogra”.
Estes momentos serão marcados com esta figura
Você deve compreender também que não apensa a cultura antiga era diferente da nossa, mas também a forma dessa diferença e diferente do que suas ideias modernas podem fazer você pensar. Por exemplo, talvez você esteja pensando que todo este assunto de sexo que eu citei era assim porque os antigos eram um povo selvagem desinibido de mente imunda. Eles não eram. A fidelidade da esposa no casamento não era apenas uma virtude, era uma expectativa. Muitos banhos romanos separavam homens e mulheres. Os não-seguidores de Cibele de toda a região achavam que os rituais sexuais de Cibele eram repulsivos. E de forma geral o assunto sexo citado não se tratava puramente do sexo, era sob5re o sagrado milagre da nova vida. Eis como sabemos…
Deuses fálicos
Os antigos não construíram estátuas de deuses fálicos para adorar o sexo. Assim como hoje me dia as pessoas não precisavam de estátuas para isso. Eles faziam tais estátuas como forma de adorar o milagre sagrado da vida.
Os egípcios deificaram o bode, assim como se diz que os gregos honraram Priapo, por causa do membro reprodutor; pois este animal tem propensão muito grande à cópula, e por isso honram o membro do corpo que é a causa da reprodução, sendo o autor primário de toda vida animal. De forma geral, não eram poucos os outros povos que também tratavam o o órgão sexual masculino em seus ritos como algo sagrado, pois o pênis era tratado fundamentalmente como a causa geradora de todas as criaturas, os sacerdotes egípcios herdavam seu ofício sacerdotal de seus pais que os iniciavam nos mistérios deste deus.
Diz-se que Pã e Sátiro são adorados pelos homens pela esma razão. É por isto que a maioria dos povos colocava em seus locais sagrados estátuas deles com seus pênis eretos e com aparência semelhante a bodes, pois de acordo com a tradição este animal é o mais eficiente na cópula, constantemente, atras da representação destas criaturas desta maneira, os seguidores dão graças a eles por sua própria prole numerosa.
[Diodorus of Sicily, Library of History, 1.88 (1st century BC),—que pode ser encontrado em: Oldfather, C. H. Diodorus of Sicily, The Library of History, Books I – ii.34 (Loeb Classical Library #279) (1933 /1998), pg. 299]
Não acredite em mim, acredite nos próprio povo da antiguidade.
Está entendendo ? Continuamos a entender errado as ideias antigas.
Primeiro foi Atlas segurando alguma coisa sobre seus ombros. Entendemos errado porque tentamos encaixar a estória antiga em nossa astronomia planetária moderna. Os antigos não tinham nossa astronomia planetária. Por isso para entender a estória de Atlas você teve que encaixar a estória no entendimento que os antigos tinham sobre o formato do universo; o domo sólido do céu e tudo o mais. Senão entenderia errado.
E então vimos toda a ação sexual. Entendemos de forma errada também. Tentamos encaixar seus ritos sagrados em nossa visão sexual. Os antigos também viam o sexo como sexo, mas diferente de nós sua religião reverenciava o sexo como uma conexão com o milagre da criação. Para entendermos o pênis sagrado de Dionísio temos que analisar do ponto de vista da reverência pelo milagre extraordinário da nova vida. E nós não vemos assim. Por isso entendemos da forma errada. Para nós sexo é apena sexo. E agora, quem tem mente suja ?
Ok. A estória de Atlas é interessante e a estória do sexo é estranha, mas e daí ?
E daí que as diferenças importam. E eis a grande diferença entre nós e os antigos – entre as nossas ideias e as deles – que você deve saber se espera entender o cristianismo primitivo.
Causa e efeito
Você e eu sabemos que as coisas acontecem por conta das leis da natureza. As coisas se movem e o sol cruza o céu de acordo com as leis da física. O fogo queima por causa das leis da química. Os dados caem conforme as leis da probabilidade. Mesmo quando não temos certeza de quais são as leis da natureza temos certeza de que há leis da natureza e que as coisas que acontecem são determinadas por elas. Em nosso mundo todo efeito – tudo que acontece – tem uma causa impessoal e mecânica.
O mundo antigo não funcionava assim. Não podia ser assim, pois eles não tinham a matemática e medidas que nos levaram descobrir as leis da natureza e tudo o mais. O que eles tinham, como nós, era o instinto de ligar causa e efeito, e vice versa. Algo se moveu ? Então algo deve ter movido. Algo ou alguém.
Eis a grande diferença entre a visão deles a nossa de como o mundo funciona. Não tendo leis mecânicas impessoais como as nossas para explicar causa e efeito os antigos criaram personalidades inteligentes e invisíveis que movem o sol, fazem o fogo queimar e os dados rolarem como rolam. Eles inventaram os deuses. Na verdade inventaram uma série de seres divinos: deuses grandes, semi-deuses, mensageiros divinos, demônios, espíritos, criaturas lendárias sobrenaturais, almas, fantasmas de mortos e personalidades vagas e mal definidas, todos causadores de eventos que as pessoas viam na vida do dia a dia.
Enquanto vagamos pelas origens pagãs do mito de cristo você verá não somente que cristianismo e paganismo compartilham ideias como também que suas ideias compartilhadas – milagres, profecias, demônios, nascimentos virginais, anjos, sonhos mágicos, até mesmo deus e céu – tudo isso se encaixa no entendimento sobre o funcionamento do mundo que os antigos tinham centrado num ser divino.
Fonte: http://www.pocm.info/getting_started_ancient_civilization.html